sábado, 25 de abril de 2009

"...Tudo isto foi quando aprendi acerca dos grilos, até ter descoberto que afinal estes nobres animais muito mais tinham reservado para me mostrar.

Fiquei há uns dias a saber que se lhes dermos café a beber promovem a inspiração da escrita da prosa a todos os que com eles de perto convivem e, ainda se ao café acrescentarmos um queque, transformam-se em musas inspiradoras para a escrita da poesia.

Afinal, os grilos que tanto grilavam nas memórias da minha infância, quando lhes damos café em vez de alface, encurtam a distância entre uns quantos e a sua escrita e até as crianças e jovens adolescentes são atraídos pelo seu grilar, respondendo-lhe por escrito.

A escrita que para uns está tão longe, para uns, felizmente, encontra-se apenas à distância de um grilo.

Por causa dos grilos, descobri que as crianças de hoje também escrevem e por causa das crianças soube hoje que ainda se vendem grilos, mas a trezentos mil réis, como diria a minha avó que passou pelos escudos como eu vou passando por esta coisa do euro.

Sigam o vosso percurso e encham-nos de páginas escritas com o vosso grilar.

Pena tenho eu de que a minha avó só bebesse chicória!..."

João Pedro Fonseca


Excerto de um texto assinado por João Pedro Fonseca, publicado no nosso livro de Prosa volume IV