sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Para lembrar a sessão do dia 4 de Novembro, um poema de um escritor Angolano.


Desnoções & Algibeiras


para ser grilo
há que ter algibeiras
onde também caibam silêncios
ser sorrateiro
espreitando entre dois fios de relva.
saber fazer uma teia invisível
onde o infinito se armadilhe.
encarar o universo com
demasiada intimidade
- a modos que quintal.
saber:
que as estrelas encarecem
de carinho
e brilham para mais desanonimato;
sonetar com roncos de garganta
desminando rebentamentos no coração.
para ser grilo
há que ter desnoções.
viver que:
há só uma distanciaçãozinha
entre apalmilhar um quintal
e acomodar estrelas num abraço.

Ondjaki