terça-feira, 2 de abril de 2013

Este mês, vamos tentar ler ou reler Mia Couto -Raiz de Orvalho. Livro de poemas, que por muito velhinho que seja, sabe bem, sabe bem descobrir novos termos, novas pessoas, novos poemas na magia de quem brinca com as palavras

Poema da despedida

Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo.
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo

Mia Couto


Ana Bela